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A economia do bem. O cuidado espiritual da fraternidade que nos conduzirá a Assis

O coronavírus não conseguiu interromper a preparação do evento desejado pelo Papa Francisco: um processo de mudança que traz consigo a economia da vida.

por Maria Gaglione

publicado no site Avvenire

Escrevemos muitos artigos e demos muitas entrevistas sobre a Economy of Francesco, enquanto esperávamos o mês de março. «Vamos à Assis e façamos um pacto», escreveu o Papa Francisco, confiando aos jovens economistas e empresários do mundo, a tarefa de reanimar a economia de hoje e do amanhã. Para fazer uma promessa, é preciso parar, conhecer-nos, questionar-nos e pensar juntos. Fizemos uma convocação. Mais de 3000 jovens de 115 países de todo o mundo se candidataram. Reunimos neste artigo as histórias de alguns desses jovens.

Escrevemos sobre o Diego e sua eco-aldeia no Brasil, sobre Samer do Líbano e a sua plataforma de empregos sem barreiras e sobre Andrea, o jovem economista com "coração de médico". E dentre outras histórias, contamos sobre o desafio do microcrédito de Myriam em Uganda e das pesquisas sobre a desigualdade de gênero da Turkan, uma jovem zerbaijano, e ainda sobre a Eveling e seus estudos sobre a sustentabilidade corporativa. E nós continuaremos a escrever. Sobre a Noemi, Ziwei Min, Rita, Joel... Estávamos prontos para o último mês intenso de preparativos, para receber 2000 jovens em Assis. Uma organização que exigiu comprometimento e paixão de muitos, e que inspirou mais de 200 reuniões preparatórias.

E de repente, as notícias da epidemia vindas da China. «Como os jovens asiáticos chegarão até nós em Assis?» Nós pensamos. Depois, a chegada da emergência na Itália, na Europa e nós inevitavelmente paramos. De acordo com o Papa Francisco, adiamos o encontro para o próximo mês de novembro (19-21). Desde então, muitos participantes têm escrito simplesmente para nos perguntar «como vocês estão?» ou para nos dizer «estamos rezando por vocês». E também rezamos juntos, cada um em sua própria casa, no seu próprio idioma e ainda com o Bispo de Assis no túmulo de São Francisco, como no último domingo.

Quando na terça-feira 24 - data prevista para o início do evento - uma Assis deserta e silenciosa acolheu a neve, pensamos que este evento excepcional era tão extraordinário quanto aquele de receber os jovens economistas do mundo na terra de Francisco, juntamente com a beleza de seus pensamentos e iniciativas. No atual contexto, The Economy of Francesco e as muitas pessoas que estão trabalhando neste processo passam pela dor e complexidade da emergência global causada pelo coronavírus. E até mesmo The Economy of Francesco desacelerou para dar lugar ao silêncio, ao cuidado, à dor coletiva e pessoal. Desacelerou para colocar-se na posição de escuta sobre esse momento. A emergência nos mantém, durante esses meses, longe uns dos outros e nos faz descobrir que somos frágeis e vulneráveis, todos nós. Mas nunca como nestes tempos difíceis estamos entendendo o que realmente são a fraternidade e o bem comum. A história nos ensina que as crises também servem para recuperar palavras esquecidas. Estamos entendendo como estamos todos conectados uns aos outros, que ninguém se salva sozinho e que não podemos ser felizes uns sem os outros.

Esta é a hora de redescobrir uma palavra muito apreciada por Francisco: fraternidade. Essa dor abriu para nós a era da fraternidade, o princípio esquecido sobretudo pelo capitalismo, e que hoje estamos compreendendo, vivendo e redescobrindo. Esta crise também está dizendo que a economia pode matar, quando se coloca diante da saúde das pessoas, diante da vida dos idosos e dos mais frágeis. E assim, começamos a vê-la como uma outra economia - nos hospitais, na ação de muitos governos - que é a economia da vida, da vida de todos e de cada um, começando com os últimos. Por esta razão, nunca como antes, precisamos trabalhar e nos comprometer a construir uma economia e um sistema financeiro que possa desacelerar para não deixar ninguém para trás, para acolher e promover a dignidade dos últimos, para cuidar da terra e defender os pobres. E não apenas em tempos de crise. Estamos cada vez mais convencidos de que a Economy of Francesco não é simplesmente um evento, mas um processo de mudança que já começou. Esses jovens estão sendo desafiados a colocar seus pensamentos e práticas, culturas e perspectivas em diálogo. «O trabalho feito até agora não será perdido. Juntos continuaremos a construir o futuro» escreveram os jovens coordenadores do evento em uma mensagem de vídeo. Mensagem de esperança em um tempo mendicante de olhares proféticos e de novas palavras e pensamentos. Multiplicaremos o compromisso e os temas, organizaremos eventos e reuniões nos formatos em que pudermos. O encontro será ainda mais bonito, para nós e para o mundo que agora, mais do que nunca, espera uma economia diferente.

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