Vídeo - Mensagem de Maria Voce

Logo_Brasile_2011_rid2Vídeo-mensagem de Maria Voce para a Assembleia Internacional de Economia de Comunhão

 Caríssimos participantes da Assembleia Internacional da Economia de Comunhão, reunidos no Brasil, na Mariápolis Ginetta, em Vargem Grande Paulista.

Que a minha grande e afetuosa saudação, também da parte do Movimento dos Focolares, possa chegar até vocês, a qual desejo estender também a todos que irão participar da celebração do 20º aniversário da Economia de Comunhão, no domingo, 29 de maio, no Auditório do “Memorial da América Latina”, bem no coração da metrópole de São Paulo. Saúdo também todos aqueles que no mundo inteiro compartilham o desejo de que a lógica do amor e de comunhão penetre cada vez mais em todas as esferas da vida econômica.

Há vinte anos, exatamente no Brasil, Chiara Lubich – sentindo próprio o sofrimento que as grandes desigualdades geram ao dividir a comunidade humana e distanciar aqueles que possuem bens materiais dos que não os possuem; aqueles que possuem capacidades e competências para obter novas riquezas dos que não tiveram possibilidades de adquiri-las –, Chiara lançou a proposta para o surgimento de uma nova economia através de um apelo para se gerar empresas que trabalhassem para sanar esta ruptura.

Empresas que se desenvolvessem lado a lado de todas as demais, enfrentando as mesmas fadigas e dificuldades típicas da produção, da venda, do financiamento, da inovação, da competição de mercado, porém, não com o objetivo de enriquecer os proprietários, e sim, de realizar um serviço para o bem comum, que é o bem de todos, e de cada pessoa.

Chiara dirigiu tal convite, inicialmente, à comunidade do Movimento dos Focolares no Brasil. No entanto, grande número de pessoas, em todos os continentes, logo percebeu que o convite lhe era dirigido pessoalmente, como um verdadeiro chamado.

Muitas pessoas, de vários segmentos e convicções, dentro e fora do nosso Movimento, contribuíram nestes 20 anos para dar àquela cintila inicial o relevo e o desenvolvimento que superaram todas as expectativas de 1991.
Quando Chiara lançou a sua proposta, enfatizou que os lucros gerados pelas novas empresas seriam destinados para cobrir três finalidades: ajudar aos irmãos em precárias condições econômicas; para a formação das novas gerações a uma “cultura da partilha”, e para o desenvolvimento da própria empresa.

No entanto, desde o início, os participantes do novo projeto, consideraram como um fato natural que a gestão das empresas fosse caracterizada por uma “lógica de comunhão”, lógica esta que conheceram através de Chiara e à qual procuravam conformar a própria vida pessoal e social.

O resultado disso é que hoje, o que mais impressiona e mais interessa quem conhece a Economia de Comunhão é, justamente, o estilo original dos relacionamentos com os funcionários, em primeiro lugar. E aqui está, inclusive, um dos aspectos do grande vigor que estas empresas possuem. Quando a abertura ao outro torna-se recíproca, compartilhada, então a capacidade de alcançar os objetivos comuns se multiplica, permitindo experimentar a presença da Providência divina, que muitos na Economia de Comunhão consideram como um autêntico “sócio invisível”, fundamental para a vida de suas empresas e da comunidade. O mesmo relacionamento de reciprocidade se estabelece com os fornecedores, com os clientes e até mesmo com os concorrentes.

Ao criar este Projeto, Chiara Lubich tinha como objetivo imediato atenuar a crescente  pobreza que naqueles dias ela havia encontrado nas favelas ao redor de São Paulo, pobreza que ela já havia conhecido bem de perto no início do Movimento em Trento, quando, juntamente com suas primeiras companheiras, havia trabalhado com afinco em favor daqueles que tinham perdido tudo por causa da guerra.

Em relação ao modo como esta nova ajuda da Economia de Comunhão deveria chegar aos destinatários, Chiara confiou na sensibilidade de quem a teria organizado. E nesses anos  graças a estas pessoas tal ajuda, além de cobrir necessidades mais urgentes, trouxe consigo também preciosos frutos de reciprocidade e de Fraternidade. Atualmente se está buscando novos caminhos para favorecer a auto-suficiência econômica daqueles que ainda não possuem o necessário, e esta ação continua a abrir-se em círculos concêntricos, chegando a um número cada vez maior de destinatários. Em toda esta ação é fundamental que as pessoas beneficiadas se sintam protagonistas da própria história e não sejam relegadas simplesmente ao critério de pessoas assistidas.

Estes anos, que se passaram, foram muito intensos também em relação à reflexão científica e cultural, uma outra área de desenvolvimento da Economia de Comunhão, que Chiara confiou especialmente às novas gerações, e que teve um maior incremento a partir de maio de 1998 – ainda uma vez, e não por acaso, no Brasil – quando ela falou da necessidade de dar uma plena dignidade ao nosso Projeto, também no plano das ideias, isto é, na sua dimensão teórica.

Todas as pessoas que nesses anos, de uma ou de outra forma, se comprometeram com a Economia de Comunhão, contribuíram para lhe dar uma maior consistência e uma fisionomia mais definida. No entanto, devemos reconhecer que o Projeto da Economia de Comunhão deve ainda ser consolidado e, graças a todos vocês e a todos que o assumirão como próprio, o nosso Projeto poderá incidir ainda muito mais no mundo todo.

Pareceu-me muito significativo que no logotipo criado para esta celebração, vocês colocaram o ano de 2031, pois desejaram apontar para um futuro que hoje podemos apenas intuir e que certamente se delineará graças à contribuição, grande ou pequena, não importa, que todos vocês – verdadeiros co-fundadores da Economia de Comunhão – estão dando e que, estou certa, continuarão a dar com dedicação e responsabilidade sempre maiores.

E hoje? Quais são os desafios para a Economia de Comunhão, depois de 20 anos do seu lançamento?

Creio que a Economia de Comunhão, não obstante hoje represente ainda uma pequena “semente de mostarda”, contudo ela contém o potencial para transformar a realidade econômica a partir de dentro, não só das empresas, como também das famílias, das instituições financeiras, das políticas econômicas! Enfim, creio que nela existe o potencial necessário para mudar completamente o modo de agir de toda a atividade econômica.

Algo semelhante Chiara já intuía em seu discurso no lançamento do Projeto, pois se referia à Economia de Comunhão como a uma nova “via”, a “via” da Fraternidade e da Comunhão na Economia, uma meta igualmente almejada na recente Encíclica Caritas in Veritate do Papa Bento XVI, que todavia, ainda hoje, é em grande parte desconhecida. É a este grande horizonte que eu gostaria de dar especial relevo, como missão e tarefa da Economia de Comunhão, em seu 20º aniversário.

Sendo assim, enquanto vocês se dedicam generosamente a um aspecto particular (a uma empresa, a uma Comissão Local, a um Projeto de Desenvolvimento, ou ao início de um novo Pólo de produção, etc.), exorto-os a estarem cada vez mais conscientes da grandeza do Projeto que a profecia de Chiara nos desvendou. É um apelo que chega até nós vindo do enorme número de pessoas excluídas, de jovens, que precisam encontrar novos espaços no mundo do trabalho e que desejam gastar as próprias energias em objetivos dignos e grandes. É o mundo inteiro que está nos interpelando, o mundo dos ricos e o mundo dos pobres, que hoje em dia, mais que nunca, está faminto de esperança. Este é um apelo que nos impele a nos comprometermos com eles, com muitas pessoas de boa vontade que, pessoalmente ou em grupos organizados, trabalham para uma Economia mais justa e mais humana. E, finalmente, gostaria de acrescentar, o que esperam de nós os já numerosos atores da Economia de Comunhão que estão no Paraíso, e que, no entanto, os percebemos sempre vivos e presentes em nós: são mulheres e homens que concluíram a própria aventura terrena e que passaram às nossas mãos o bastão para que continuássemos a corrida.

A propósito, o lugar onde vocês se encontram, faz-me recordar hoje, de modo especial, de Ginetta Calliari e François Neveux; mas também de Spartaco Lucarini, um autêntico precursor da Economia de Comunhão.

Enfim, nestes dias tão importantes para o futuro da Economia de Comunhão, não podemos nos esquecer de que ela está inserida na finalidade pela qual o Espírito Santo mandou sobre a terra o Carisma da Unidade: l’ut omnes – Que todos sejam um – o Mundo Unido.

Mas, nada disso pode se tornar uma realidade enquanto os recursos do Planeta não forem distribuídos em modo équo. Nunca existirá um Mundo Unido se o espírito de comunhão não penetrar na Economia. Fazer surgir empresas e pólos produtivos, distribuir os lucros, atenuar a miséria de tanta gente, tudo isso, para nós, só encontra pleno significado e altíssima dignidade em vista do “Que todos sejam um”.

Portanto, a Economia de Comunhão terá hoje um novo desenvolvimento se tiver como horizonte o Mundo Unido. Se assim for, será capaz de mover os corações, mover as atividades, entusiasmar todos aqueles que têm exigências de grandes ideais para os quais  consumir a própria vida. Surgirá um novo tempo de criatividade onde todos vocês, empresários, trabalhadores, estudiosos, simples cidadãos, serão seus atores principais.

Estou certa que, com a ajuda de Deus e com a responsabilidade e generosidade de vocês, responderemos a este importante compromisso marcado com a história.

É com esta certeza que agora eu os deixo, cumprimentando a todos e assegurando-lhes o apoio constante do Movimento dos Focolares.

Maria Voce

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